quinta-feira, 3 de março de 2011

O uso dos animais na alimentação

                                   A caça e a extinção dos animais

A resposta depende primeiro de outra pergunta: de que momento da Pré-História se está falando? É que a Pré-História engloba mais de 2,5 milhões de anos de evolução das espécies do gênero
Homo. "Nesse longo período passamos de carniceiros e trituradores de sementes e raízes a domesticadores de animais", diz o arqueólogo Renato Kipnis, da Universidade de São Paulo (USP). Um bom intervalo de tempo para analisar o hábito de caça e alimentação é o chamado Paleolítico Superior, há cerca de 40 mil anos, quando apareceram na Europa homens anatomicamente idênticos aos de hoje. Nessa época nossos ancestrais já produziam uma grande variedade de ferramentas e viviam basicamente da caça e da coleta de alimentos silvestres, atividades feitas em grupo e com funções definidas para homens, mulheres e crianças. A densidade populacional era baixa e os grupos familiares vagavam por um vasto território, caçando rinocerontes, renas e cavalos. Como nem sempre havia manadas desses animais por perto e algumas plantas só davam frutos em determinadas estações do ano, os homens também já se preocupavam em estocar alimentos.

Bisão - como ele quase foi extinto 

Durante milênios o bisão foi animal mítico, caça e garantia de sobrevivência para o homem primitivo no hemisfério norte. Assim atestam as pinturas rupestres encontradas em numerosas cavernas na Europa. O bisão constitui também um elemento-chave na cultura dos índios norte-americanos, que dele obtinham toda uma série de produtos básicos.
Mamífero artiodáctilo (suas patas terminam em número par de dedos), o bisão pertence à família dos bovídeos e dele se conhecem duas espécies: o bisão americano, de maior porte, e o europeu, menos robusto e de pêlo mais curto, do qual só sobrevivem manadas pouco numerosas.
O bisão americano (Bison bison) é um animal de presença imponente: os machos atingem 1.300kg de peso e quase dois metros de altura. Seu pêlo é castanho, salvo na cabeça e nas patas dianteiras, coberto de espessas mechas negras. Tanto o macho como a fêmea são dotados de chifres e apresentam acentuada corcova, formada por protuberâncias ósseas das vértebras. Alimenta-se da erva que cresce nas grandes pradarias americanas.
As fêmeas e os animais jovens, por um lado, e os machos, por outro, vivem agrupados em seus próprios rebanhos e só formam comunidades na época do cio, que ocorre no verão. Nesse período, os machos realizam combates espetaculares, investindo uns contra os outros de cabeça baixa para medirem forças. Os vencedores formam par com a fêmea e afastam-se da manada. Após o acasalamento, o período de gestação dura nove meses e nasce um filhote por parto. À beira da extinção no princípio do século XX, em virtude de intensas campanhas de caça, suas populações recuperaram-se parcialmente devido à proteção legal de que desfrutam em parques como o de Yellowstone, nos Estados Unidos, e outros no Canadá.
O bisão europeu (B. bonasus) é uma espécie adaptada ao habitat de bosque e se alimenta de gramíneas. Outrora abundantes na Europa, esses animais agora só sobrevivem em pequeno número e sob proteção em parques como o de Bialowieza, na Polônia, por causa da caça predatória, só sobraram poucos.

A Domesticação Animal

Atualmente, a domesticação de animais é algo que consideramos comum. Desde carne e laticínios até a companhia fiel, os animais domesticados nos fornecem incontáveis produtos, serviços e horas de trabalho que tiveram um efeito profundo sobre a história da humanidade.
 No começo, os humanos usavam os animais apenas como alimentação. Mas em certo momento, começamos a perceber que eles poderiam ser úteis para trabalhar, fornecer vestimenta e transporte. Em estado selvagem, os animais defendem a si mesmos e desconfiam de outros animais, mas os humanos conseguiram mudar esse comportamento. Com o passar do tempo, alguns animais se tornaram mais dóceis e submissos às instruções humanas, o que chamamos de domesticação. Com esse processo, toda uma espécie animal evolui para se tornar naturalmente acostumada a viver e a interagir com os humanos.
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                                       Tipos de pecuária

 No nomadismo pastoril, o animal mais típico é o carneiro, embora outros lhe estejam associados, como o cabrito, o cavalo, o camelo, o iaque e a rena, preferida nas tundras. A vida nômade implica precárias condições de segurança, o que leva os grupos a se organizarem em moldes tribais, com base no regime patriarcal. Devido à mobilidade exigida nos constantes deslocamentos, a casa em geral resume-se a uma tenda, fácil de ser armada e transportada. Parte dos nômades depende exclusivamente de seus rebanhos. Outros costumam também comerciar com outros grupos, para obter cereais e outros alimentos.

Em Portugal, a Transumância conheceu, em tempos recuados, certa pujança. No Verão, praticava-se das terras baixas da bacia do Mondego para as serras da Estrela e de Montemuro. No Inverno, fazia-se das terras altas da Estrela para regiões mais quentes. Eram as "invernadas", que levavam os rebanhos para os campos do Mondego, para a Idanha e para o vale do Douro onde a folha da vinha servia como alimento.
Praticavam-se assim dois tipos de Transumância: a estival, ou ascendente, caracterizada pela deslocação dos rebanhos até aos planaltos serranos onde abundam pastos verdejantes durante o Verão; por sua vez, no Inverno, face à escassez de pastos motivada pelas condições desfavoráveis do clima, os rebanhos desciam da serra para pastos em regiões temperadas. Era a Transumância invernal, ou descendente.

A pecuária sedentária, pode ser intensiva ou extensiva.
Pecuária extensiva: aquela que é desenvolvida em grandes extensões de terras, com gado solto, geralmente sem grandes aplicação de recursos tecnológicos, investimentos financeiros nem recursos veterinários importantes.
Pecuária intensiva: aquela que é praticada utilizando-se recursos tecnológicos avançados, tais como: gado confinado, reprodução através de inseminação artificial, controle via satélite etc.

                             Impacto da tecnologia na pecuária

Ao longo do século XX, a urbanização, o aumento do número de consumidores e a exigência por maior qualidade da carne e do leite (e seus derivados), associados ao desenvolvimento das tecnologias, contribuíram para a modernização da pecuária. O desenvolvimento das ferrovias e rodovias, a industrialização, a eletrificação rural e a fabricação de produtos veterinários favoreceram muito essa evolução.
Com a melhora da pecuária também se desenvolveram as indústrias ligadas à produção e conservação de carne e de derivados animais. Nas indústrias frigoríficas, os animais são abatidos, e sua carne é preparada para a conservação a frio, nas câmaras de refrigeração.
Já nas indústrias de laticínios, o leite é transformado em vários produtos. O processo começa no campo, onde é feita a ordenha mecânica. Depois o leite é resfriado e levado por caminhões para o beneficiamento. Nas usinas, passa pela pasteurização e homogenização (é misturado ao leite que vem de outras regiões). Em seguida, o leite é embalado ou passa por vários processos para se transformar em leite condensado, iogurte, creme de leite e manteiga.

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